Trechos difíceis se resolvem com sinônimos.
Observe-se bem: é certo que, em se querendo,
esgrime-se sem limites com este divertimento
instrutivo. Brinque-se mesmo com tudo. É um
belíssimo esporte do intelecto, pois escrevemos
o que quisermos sem o "E" ou sem o "I" ou sem
o "O" e, conforme meu exclusivo desejo,
escolherei outro, discorrendo livremente,
por exemplo, sem o "P", "R" ou "F", ou o
que quiser escolher. Podemos, em estilo
corrente, repetir sempre um som ou mesmo
escrever sem verbos.
Com o concurso de termos escolhidos,
isso pode ir longe, escrevendo-se todo
um discurso, um conto ou um livro inteiro
sobre o que o leitor melhor preferir.
Porém mesmo sem o uso pernóstico
dos termos difíceis, muito e muito se
prossegue do mesmo modo, discorrendo
sobre o objeto escolhido, sem impedimentos.
Deploro sempre ver moços deste século
inconscientemente esquecerem e oprimirem
nosso português, hoje culto e belo, querendo
substituí-lo pelo inglês. Por quê?
Cultivemos nosso polifônico e fecundo verbo,
doce e melodioso, porém incisivo e forte, messe
de luminosos estilos, voz de muitos povos,
escrínio de belos versos e de imenso porte,
ninho de cisnes e de condores.
Honremos o que é nosso, ó moços estudiosos,
escritores e professores. Honremos o digníssimo
modo de dizer que nos legou um povo humilde,
porém viril e cheio de sentimentos estéticos,
pugilo de heróis e de nobres descobridores
de mundos novos.
Descobriu?
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