domingo, 2 de junho de 2013

Como Perder o Medo de Avião

Este é um assunto que envolve muito mais pessoas do que imaginamos.
Viajar de avião até uns anos atrás, era coisa para poucas pessoas. No entanto, com o avanço da tecnologia que tem produzido aviões mais bem equipados com custos mais baixos,  a facilidade em parcelar os pagamentos em cartões de crédito, a internet que possibilita mais velocidade nas informações de todo o mundo, enfim, vários fatores da nossa era moderna, têm sido muito mais comum pegar um voo para deslocamento de maiores distâncias, do que se pegar um navio ou um carro para o mesmo itinerário.
O que acontece então quando uma família quer fazer um passeio interessante e um dos elementos desta família diz que não vai de jeito algum, embarcar num avião?
Há pessoas que entram em pânico só de se imaginar dentro de uma "geringonça daquelas".
"Nunca vou colocar meus pés num avião, prefiro morrer". "Tá louco? Pego trem, barco, navio, carro, caminhão, mas avião, nunca.""Só de pensar, tenho falta de ar". "Não sei como tem gente que tem coragem de voar, porque voar é pra pássaros. " "Não sou passarinho pra sair voando por aí." Estas são as palavras mais frequentes que ouvimos das pessoas com "pânico de voar".
Você se encaixa numa dessas frases aí de cima? Tem horror só de se imaginar presa numa aeronave? Então leia como eu perdi o "medo"de voar e agora passo horas e horas pra lá e pra cá dentro de qualquer tipo de aeronave.


Em 1983, minha cunhada que estava morando em Washington, nos convidou para visitá-los por 1 mês.
Meus filhos eram bem pequenos e eu, além de nunca ter voado na vida, não imaginava poder deixá-los por 1 mês com ninguém e sair por aí me divertindo. Sabe aquele sentimento de achar que estava abandonando as crianças? Pois é. Era bem assim mesmo.
Mas a minha cunhada insistia e dizia, "é agora ou nunca". Aproveitem que estou aqui e posso levar vocês para conhecerem vários lugares além de Washington. Vai ser ótimo, nosso carro é grande e vamos nos divertir muito.
Meus pais se ofereceram para cuidar das crianças e mais dois tios queridos em quem eu confiava muito, também se ofereceram. Montamos um esquema com babás e empregada e nos animamos para voar.
Primeiro, passei uma semana sem dormir direito. Tinha pesadelos com aviões. Estava extremamente estressada, mas com muita vontade de fazer a viagem. Afinal, as chances que eu teria futuramente, seriam mínimas. Estamos falando da década de 80, quando tudo era mais difícil no nosso Brasil.
Mas fui. Entrei num 747 com umas 400 pessoas a bordo (acho que este tipo de avião nem voa mais por dar prejuízo financeiro para as companhias. Mas era um baita avião.
Fomos nos bancos do meio, rumo a Nova Iorque e de lá pegaríamos outro para Washington.
Assim que o bicho começou a andar na pista, pensei em desmaiar e comecei a suar frio.
Cadê a coragem?
Segurei a mão do marido e comecei a orar pedindo a Deus para nos guardar.
Fechei os olhos e quando dei por mim, o pássaro imenso já estava nos ares. Ao longe, via o Rio de Janeiro todo iluminado, lindo e pensei, se algo acontece, pelo menos vi uma das coisas mais lindas da minha vida. rsrsrs
Daí pra frente, senti pressão na nuca, sensação de peso no corpo, sei lá. Tudo que uma pessoa nervosa sente quando perde o controle da situação.
Aliás, depois descobri, lendo um livro sobre isso, que o mal estar é justamente por isso: somos tão, mas tão controladores de tudo, que quando entramos num avião, quem tá no controle é o piloto e não nós e que, por isso, ficamos em pânico. Pela nossa falta de condição de controlar aquele voo.
Sim, se formos analisar bem, é esse o motivo principal do nosso medo de voar. Não estamos no controle neste momento. E agora?
Sem ter muito tempo pra pensar, chegou a hora do jantar. Pelo menos, comer é bom, né? Então vamos esquecer que estamos comendo no ar? Sim.
Daqui a pouco, um filme e a gente descobre que nem tudo é horrível.
Com sorte, pisaremos em Nova Iorque em algumas horas.
Depois do jantar, começa a dar um soninho e o filme ajuda a relaxar. Então tá. Vamos tentar relaxar.
Daí vem um sacolejo. Ai, que nervoso. O marido diz: calma, é só uma pequena turbulência.
Turbulência? Ninguém me avisou nada disso. Que absurdo! Pára tudo.
Mas não dá pra parar. Então penso: estou fora do controle. Isto não é um carro que a gente para quando quer. Outra turbulência, agora mais forte. Socorro! Nunca mais. Nunca mesmo.
Que horas são? Quanto tempo falta? 6 horas? Nãooooo.
Vou ao banheiro e descubro que posso andar pelos corredores e que a turbulência é como se fosse o carro passando num pequeno buraco na rua. Ah, tá. Vou me imaginar andando de carro e passando por estradas do Brasil. Isso é mole.
No banheiro, vejo que estou vermelha e lavo os braços, rosto, mãos e penteio o cabelo, refaço a maquiagem. Tempo é o que mais tenho. Batem na porta e eu tenho que sair. Puxa, logo agora que estava me distraindo com o batom.rsrss
Volto pro meu assento e tento prestar atenção no filme. O marido está dormindo relaxadamente.Que absurdo! Como consegue. Olho para os lados e vejo todos dormindo e só eu de olho aberto.
Não dá. O frio vai ficando mais forte por causa do ar condicionado e eu pego um cobertor e me enrolo. Olho duro, nada de conseguir pegar no sono. Vou me ajeitando daqui e dali e consigo dar umas pequenas cochiladas. Acordo e me deparo com o filme ainda rolando lá na frente. Fecho os olhos novamente e sinto que dormi um pouquinho desta vez. Os comissários de bordo, começam a andar com os carrinhos e levar comida pro pessoal da primeira classe.
Pergunto as horas pro marido e ele diz que faltam somente 2 horas. Ebaaa, superei a pior fase.
Olho pra fora e vejo que o dia começa a amanhecer. Lindamente.
Tudo é novo, tudo é agradável quando a gente percebe que está superando o medo inicial.
Mais um pouco e chegamos.
Lá vem o carrinho com o café da manhã. Delícia, porque ainda era o voo da Varig, que infelizmente não existe mais.
Preenchemos alguns documentos exigidos pela alfândega americana e logo o comandante avisa que estamos chegando.
De longe avisto a Estátua da Liberdade e a cidade clareando. Fico extasiada. Coisa de brasileira que nunca voou mas que está aprendendo a gostar disso.
Aterrissamos suavemente e penso: só isso? Genteeee. É espetacular. Entra-se num avião, come-se, dorme-se e acorda-se em NY? Maravilha das maravilhas. Eu quero é mais.
Depois da alfândega, fomos direto pegar a conexão pra Washington num avião bem menor e lá fui eu, totalmente liberta dos medos que tinham me deixado quase que eternamente presa a uma ilha mínima que era o espaço terrestre por onde eu estava acostumada a me locomover. Isso seria o fim da picada mesmo. Eu mesma estava me acorrentando a um mesmo ambiente pro resto da vida e não tinha percebido isto.
Graças a Deus acordei, dei um soco bem dado no medo de voar e ganhei alturas, espaços e vida nova.
Desde então, creio que já entrei e saí de avião, daqui pra lá e de lá pra cá, mais de 20 vezes.
Uma das coisas que Deus me fez sentir profundamente foi o seguinte: se eu chegar lá ( no meu destino) vai ser maravilhoso. Se eu não chegar e algo acontecer no meio do caminho, eu vou estar com Cristo, na Glória. Quer melhor do que isto?
Pensem nisto e vejam se não está na hora de aproveitar a vida e conhecer novos lugares. Saia da sua ilha. Da sua zona de conforto aparente porque se você não conhece o mundo, de que valeu a pena ficar assistindo o Fantástico e depois morrer?
Beijos da Betty

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