segunda-feira, 18 de abril de 2011

Gota Secundária.

A Doença

A gota é caracterizada, inicialmente, por ataques recorrentes de artrite aguda, provocados pela precipitação, nos espaços articulares, de cristais de urato monossódico provenientes dos fluidos corporais supersaturados. Os ataques dolorosos são repetidos e a situação tende a se cronificar, caso esse processo não seja controlado, havendo então a possibilidade de deformação das articulações. A agressão constante das articulações pelos cristais de uratofaz com que ocorram focos inflamatórios conhecidos como tofos. As lesões das articulacões podem fazer com que elas tornem-se funcionalmente incapazes com o passar do tempo.  Podem ocorrer também depósitos de uratos em outros tecidos, como, por exemplo, cápsulas articulares, o tecido pericondral, a bolsa sinovial, e as válvulas cardíacas.
Os pacientes com gota, ou excesso de ácido úrico podem evoluir para um quadro de insuficiência renal. Isto se deve ao fato de que este orgão é uma das vias de eliminação do ácido úrico.Os problemas renais decorrem da maior possibilidade de formação de cálculos de urato, prejudicando o seu funcionamento.
Freqüentemente ocorre uma hipertensão concomitante, por razões desconhecidas. Embora a hiperuricemia (alta concentração de ácido úrico circulante) seja fundamental para todas essas alterações teciduais, ela não é a única determinante. Portanto deve-se fazer uma distinção clara entre a hiperuricemia, que é uma anomalia química, e a gota, que é uma doença. Um nível plasmático de uratos acima de 7 mg/dL é considerado elevado, visto que excede o valor de saturação para o urato a 37°C e pH 7,4. Por essa definição, 2 a 18% da população do mundo ocidental apresentam hiperuricemia, mas a freqüência de gota varia de 0,13 a 0,37%.
   O motivo pelo qual alguns pacientes com taxas elevadas de ácido úrico desenvolvem os sintomas clássicos da artrite gotosa, enquanto que outros, por razões diversas, também apresentando taxas elevadas, não desenvolvem a doença ainda é desconhecido.

CLASSIFICAÇÃO
A gota é classificada em dois grandes grupos: primária e secundária
A gota primária é um distúrbio genético, no qual o defeito bioquímico básico que produz a hiperuricemia é desconhecido ou, quando conhecido, a principal manifestação do defeito é a gota. Aproximadamente 90% de todos os casos de gota são primários e, visto que o defeito metabólico não é conhecido em sua maioria, eles são denominados de gota idiopática primária. Individualmente, raros são os casos de gota primária devido a erros bem definidos do metabolismo, como a deficiência parcial de hipoxantina-guanina fosforribosiltransferase (HGPRT) - a enzima que catalisa a síntese de recuperação de IMP e GMP -, a atividade aumentada de PP-ribose-P sintetase ou a deficiência na modulação da aminotransferase.
A gota secundária, por outro lado, se refere aos casos em que a hiperuricemia é secundária a algum outro distúrbio, como a excessiva desintegração de células ou alguma forma de doença renal. Também estão incluídos nessa categoria certas doenças genéticas bem definidas como a síndrome de Lesch-Nyhan e a doença do armazenamento de glicogênio do tipo I, na qual a gota não é a manifestação clínica principal ou de apresentação. A gota secundária responde por apenas 5 a 10% de todos os casos.

INCIDÊNCIA
A gota primária é uma doença familiar que aparece predominantemente em indivíduos do sexo masculino (aproximadamente 95% dos casos). As mulheres afetadas são quase sempre pós-menopáusicas, presumivelmente devido às concentrações normalmente baixas de urato sérico durante o período de reprodução. A gota é rara em crianças  e, quando encontrada neste grupo etário está usualmente associada a um erro metabólico bem definido. A maneira de transmissão da gota primária idiopática é pouco compreendida e, na realidade, tendo em vista o grande número de erros metabólicos que podem levar à hiperuricemia, é provável a existência de muitas variantes genotípicas. A herança multifatorial, com comprometimento de diversos genes e a ação de fatores ambientais (por exemplo, álcool, dieta e medicamentos) parece ser o modo mais provável de transmissão da doença idiopática primária. Até 25% dos parentes consangüineos assintomáticos de um paciente com gota familiar podem apresentar hiperuricemia.

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